Visão sobre a Taesa: Neutra
A indústria de energia é um dos mercados que possuem alta previsibilidade de receita, destacando-se o segmento de transmissão, que é favorecido pelos longos contratos de concessão e que permite uma vantagem comparativa no quesito de apuração futura de seu faturamento. Atualmente, a Taesa possui 43 concessões, sendo 14 concessões na holding, 10 investidas integrais e 19 participações. Além disso, a Empresa conta com um prazo médio das concessões de 15,2 anos (dados de março de 2022), com uma taxa de disponibilidade atual das linhas de 98,38%.
Outro ponto de resiliência para as atuantes no segmento, é a forma com a qual são remuneradas, via RAP (Receita Anual Permitida). Ou seja, a receita que as transmissoras recebem é por sua disponibilidade de serviço, e não pelo quanto de energia elétrica transmitem efetivamente. Dessa forma, quando são firmados os contratos de transmissão, a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) estipula o quanto cada transmissora receberá de RAP. Vale destacar que a Companhia está entre os maiores grupos privados do Brasil em relação à remuneração via RAP. A RAP da Taesa totaliza R$4,1 bilhões, referente ao ciclo 2023-2024.
Sua gestão eficiente vem sendo refletida através dos consistentes resultados apresentados pela Companhia ao longo dos últimos trimestres. A previsibilidade na geração de receita e os reajustes alinhados aos índices de inflação ainda contribuem para o seu bom desempenho. Além disso, a política de pagamento de dividendos adotada pela Firma é considerada sólida e consistente, proporcionando um alto nível de remuneração aos acionistas. Os dividendos pagos entre 2006 e 2024 pela Companhia somam mais de R$13,5 bilhões.
No 2T24, a Taesa seguiu com a construção dos projetos de Ananaí, Pitiguari, Saíra (2ª fase) e Tangará. Além disso, as concessões de Sant’Ana, Saíra e ATE III foram incorporadas à Empresa no 4T23, visando a simplificação da estrutura e otimização de custos. Por fim, a entrada em operação de Ivaí, com cerca de 99,5% da RAP habilitada, e de Paraguaçu já são contabilizadas na linha de equivalência patrimonial da Empresa.
Consideramos que ainda há espaço para o Brasil crescer estruturalmente, o que tende a gerar novas oportunidades e contratos de transmissão rentáveis. A Taesa não arrematou nenhum lote no último leilão de transmissão e vem direcionando seu foco nos investimentos para o crescimento de sua performance, o que acabou comprimindo o ritmo de distribuição de proventos observado nos últimos trimestres. Com isso, mantemos nossa recomendação neutra para as ações da Taesa. Acompanharemos os próximos resultados trimestrais e novas informações que possam impactar as métricas de resultado da Companhia para avaliarmos uma possível mudança em sua recomendação.
Visão sobre os resultados da Taesa: Positiva
Para uma análise consistente do resultado da Taesa, utilizamos o resultado regulatório e não o resultado IFRS (conforme as diretrizes contábeis internacionalmente utilizadas).
No segundo trimestre de 2024 (2T24), a Taesa apresentou uma redução de 7,2% em suas receitas líquidas regulatórias em relação ao mesmo período de 2023, alcançando R$579,7 milhões. Este patamar sofreu influências do reajuste negativo do IGP-M da RAP 2023-2024, da queda de 50% da RAP da ATE III e da maior parcela variável. Estes efeitos foram parcialmente compensados pela entrada em operação de fases finais de Sant’Ana.
Do ponto de vista dos gastos, as despesas com pessoal aumentaram em 0,6% no 2T24 ante o 2T23 devido ao reajuste salarial dos empregados pelo acordo coletivo, enquanto os menores gastos com serviços contribuíram para a queda de 18,1% nas despesas referentes a serviços de terceiros. Já com material, houve aumento de 10,4%, relativos a maiores gastos com manutenção de veículos. No trimestre, com a redução de 6,4% da depreciação e amortização, o total dos custos e das despesas foi de R$181,8 milhões (-5,0% t/t).
Com isso, o EBITDA teve queda de 7,8% na comparação entre 2T24 e 2T23, com um total de R$485,2 milhões. O resultado reflete o aumento da parcela variável em função da reversão de PV na ATE, contabilizada no 2T23, o reajuste negativo do IGP-M da RAP 2023-2024, além da redução da RAP da concessão ATE III. Isso implicou em uma margem EBITDA para 83,7% no trimestre (-0,6 p.p. versus 2T23), que também é explicado pelo reajuste negativo do IGP-M para as concessões de categoria 2 (ativos concedidos entre 1999 e 2006, que são revisados por este índice inflacionário).
Na visão do endividamento, ocorreu um aumento de 11,2% em sua dívida líquida no 2T24 em relação ao 2T23, chegando a R$9,1 bilhões. Com isso, a relação dívida líquida/EBITDA dos últimos 12 meses alcançou 4,0x no segundo trimestre de 2024, pouco acima do valor registrado no 1T24. Levando em conta a participação da Companhia nas empresas em que possui controle conjunto, trata-se de uma alavancagem aceitável para o setor de energia. Porém, o atual patamar beira um nível de atenção para os acionistas e investidores devido ao menor espaço disponível para uma maior alavancagem.
O lucro líquido regulatório teve alta de 22,9% neste segundo trimestre de 2024 ante o 2T23, totalizando R$294,0 milhões. Esta alta é explicada pela menor despesa financeira, motivada pela variação monetária e cambial do período.
Por fim, a Empresa tem mostrado um bom desempenho nos últimos trimestres. Porém, a redução na RAP de algumas concessões, e o redirecionamento do foco operacional em investimentos para o crescimento da Taesa e da manutenção da alta disponibilidade de linhas de transmissão, foram fatores detratores do resultado no 2T24. Neste âmbito, acreditamos que a Companhia continuará se expandindo e os resultados também devem continuar evoluindo nos próximos trimestres. Apesar disso, visando o longo prazo, acreditamos que uma correção dos preços diante do atual valuation pode ocorrer e, por isso, reiteramos a visão neutra para as ações TAEE11 no longo prazo.
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