Visão sobre a JBS: Compra
A JBS permanece sendo uma Empresa de presença global. As exportações feitas pela Companhia cresceram 2,4% entre o 2T23 e o 2T24, atingindo US$4,9 bilhões. A maior parte (20,5%) foi realizada para a China e Hong Kong, seguido dos EUA (16,1%), da África e Oriente Médio (15,7%) e do Japão (9,3%). Isso é possível graças à presença em 17 países, contando plataformas de produção e escritórios.
Ao longo dos últimos trimestres, a JBS fez uma série de investimentos com foco em expandir a sua capacidade produtiva. A Empresa anunciou que irá quadruplicar a produção na Arábia Saudita por meio da inauguração de uma nova fábrica, prevista para novembro, representando um investimento de US$50 milhões. Na Austrália, é prevista a expansão do cultivo de salmão em função da construção de um incubatório para 7 milhões de peixes.
Pensando em gerar mais valor aos shareholders da Empresa, a JBS segue com a proposta para a dupla listagem das ações no Brasil e nos EUA. A expectativa de listagem é vista como positiva, uma vez que busca adequar a estrutura societária da Companhia ao seu perfil global, possibilitando acesso a um mercado com maior disponibilidade de liquidez e redução do custo de capital. Além disso, a JBS tem potencial para aproximar seus múltiplos ao dos seus pares globais. Apesar de alguns fatores não estarem no domínio da JBS, a dupla listagem das suas ações vem apresentando dificuldades em avançar. Inicialmente, esperava-se a conclusão do processo em 2023, mas esse prazo acabou sendo dilatado.
A JBS também vem avançando dentro do contexto ESG (em inglês: Ambiental, Social e Governança), com a adoção do compromisso global de zerar o saldo de emissões de gases de efeito estufa de suas operações, tornando-se Net Zero até o ano de 2040. Outra iniciativa nesse sentido é o lançamento do Fundo JBS pela Amazônia, que busca destinar recursos para o desenvolvimento sustentável das comunidades locais e das entidades que atuam na região. Medidas em torno do aspecto social e de governança também colaboram para o fortalecimento do ESG.
Acreditamos que a expansão do portfólio operacional e do mix de produtos, além da diversificação geográfica, é um dos principais “trunfos” que colocam a JBS em uma posição privilegiada para entregar bons resultados, mesmo em um cenário mais adverso. Somado a isso, o avanço da dupla listagem de suas ações possibilitará o acesso a um mercado de capitais com mais estrutura, mais liquidez e com a possibilidade de taxas mais interessantes, o que fortalece as condições de crescimento e competição na comparação aos seus pares globais. Dessa forma, reiteramos a recomendação de compra nas ações da JBS para o longo prazo.
Visão sobre os resultados da JBS: Positiva
No 2T24, a JBS apurou receita líquida de R$100,6 bilhões (+12,9% t/t e +12,6% a/a). Como destaque, temos a JBS Beef North America, com receita de R$31,3 bilhões (+13,1% t/t e +8,7% a/a). O crescimento foi impulsionado pela variação cambial, em que o real se depreciou cerca de 5% em relação ao dólar na comparação com o 2T23, apesar de ter sido constatada uma menor demanda em decorrência do cenário inflacionário nos EUA. Já a PPC teve receita de R$23,8 bilhões (+10,1% t/t e +11,5% a/a). Além dos fatores cambiais, também foi observada a evolução dos alimentos preparados, com um maior portfólio de produtos corroborando para um market share mais elevado. Somado a isso, também houve um maior equilíbrio entre a oferta e a demanda no mercado mexicano. Na JBS Brasil, a receita foi de R$15,5 bilhões (+9,2% t/t e +11,2% a/a), positivamente impactada pela maior demanda interna e pelo ciclo pecuário mais favorável.
Os custos da JBS foram de R$85,1 bilhões (+9,8% t/t e +7% a/a), proporcionando um lucro bruto de R$15,5 bilhões (+32,8% t/t e +56,9% a/a) com margem de 15,4% (+2,3 p.p. t/t e +4,4 p.p. a/a). Na Seara, os menores custos dos grãos possibilitaram a expansão de 104,6% a/a no lucro bruto. Na JBS Beef North America, os custos seguem pressionados por um preço do boi gordo em patamares mais elevados. A JBS USA Pork também foi beneficiada por menores preços dos grãos, se beneficiando ainda da queda do consumo de bovinos. Na PPC foi constatado, por sua vez, menores custos de produção.
As despesas com vendas somaram R$5,8 bilhões (+6,4% t/t e +2,5% a/a), ao passo que as despesas gerais e administrativas foram de R$3,6 bilhões (+38,6% t/t e +43,6% a/a). Dessa forma, o EBIT foi de R$5,9 bilhões (+65,3% t/t e +288,1% a/a). O EBITDA Ajustado, desconsiderando efeitos como o pagamento e parcelamentos fiscais, acordos antitruste e despesas de reestruturação, totalizou R$9,9 bilhões (+53,7% t/t e +121,1% a/a), com margem de 9,8% (+2,6 p.p. t/t e +4,8 p.p. a/a). O destaque fica para a Seara, cuja margem foi de 17,4% (+5,9 p.p. t/t e +13,3 p.p. a/a) e para a PPC, que apresentou margem de 17,2% (+5,7 p.p. t/t e +8,5 p.p. a/a). As margens da JBS Beef North America continuam pressionadas, recuando 0,2 p.p. t/t e 1 p.p. a/a, encerrando o trimestre em 0,5%.
A JBS apresentou receita financeira de R$1 bilhão (+22,7% t/t e +110,3% a/a), tendo se beneficiado do aumento dos juros ativos e do resultado líquido das variações cambiais. Por sua vez, a despesa financeira somou R$4,2 bilhões (+62,1% t/t e +92,7% a/a), com impacto dos juros passivos e do ajuste a valor justo dos derivativos utilizados pela Companhia. Dessa forma, o resultado financeiro líquido foi negativo em R$3,1 bilhões (+81,1% t/t e +87,6% a/a).
A dívida bruta da Companhia encerrou o trimestre em US$18,6 bilhões (-3,7% t/t e -4,4% a/a), sendo que mais de 95% deste valor está voltado para o longo prazo. Do total da dívida, cerca de 87,4% está em dólar. O prazo médio é de 11,1 anos, com custo médio ponderado de 5,66%. A Empresa encerrou o 2T24 com caixa de US$3,9 bilhões (+11,1% t/t e +37% a/a), sendo que, adicionalmente, a JBS dispõe de US$2,9 bilhões de linhas de crédito rotativas nos EUA e de R$450 milhões no Brasil. A dívida líquida da Empresa, considerando apenas o caixa, ficou em US$14,8 bilhões (-7% t/t e -11,4% a/a), com alavancagem em 2,77x (-0,89x t/t e -1,38x a/a). A JBS segue no seu processo de desalavancagem, conseguindo chegar a patamares mais confortáveis, mas que ainda necessitam acompanhamento.
Os impostos da JBS no período foram de R$778,3 milhões, superior aos R$13,8 milhões e R$70,1 milhões observados no 1T24 e no 2T23, respectivamente. Por fim, a JBS teve lucro líquido de R$2 bilhões (+11,9% t/t), revertendo o prejuízo de R$198,2 milhões observado no 2T23. A margem líquida foi de 2,0% (-0,02 p.p. t/t), afetada, principalmente, pelos maiores tributos. O fluxo de caixa operacional foi de R$9,6 bilhões no 2T24 (+82,4% a/a). Após considerada a adição de ativos imobilizados, os juros pagos e recebidos e os pagamentos para arrendamento mercantil, o fluxo de caixa livre totalizou R$5,5 bilhões (+337,5% a/a). As atividades de investimento consumiram R$1,8 bilhão do caixa, ao passo que as atividades de financiamento consumiram outros R$3,6 bilhões.
Nossa visão foi positiva para os resultados da JBS no trimestre. A Empresa conseguiu expandir suas margens operacionais em praticamente todos os segmentos do negócio. Somado a isso, a alavancagem financeira diminuiu, contando também com a redução da dívida líquida em dólares. Por fim, a Empresa conseguiu ter lucro líquido, revertendo o prejuízo líquido do 2T23 e gerando expressivo caixa operacional e fluxo de caixa livre.
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