Visão sobre a Embraer: Compra
A Embraer é uma das maiores companhias do segmento de aviação do mundo. Com mais de 50 anos de atuação, a Empresa evoluiu de uma estatal que produzia aeronaves para a FAB (Força Aérea Brasileira) para uma das maiores empresas de capital aberto que produz aviões comerciais, executivos e de defesa.
O segmento de Aviação Comercial é o principal negócio da Companhia, representando 34% da receita em 2022. Em seguida, a unidade de Serviços e Suporte representou 27,9%, Aviação Executiva (27,4%), Defesa e Segurança (9,9%) e outros negócios, com 0,8% da receita. No que se refere às regiões com maior volume de vendas, 62,9% da receita líquida foram provenientes de clientes na América do Norte, seguida por clientes na Europa (19,5%) e Brasil (11,1%) em 2022.
A carteira de pedidos firmes da Companhia, isto é, pedidos já aprovados e de maior confiabilidade, somou US$17,8 bilhões ao final do 3T23, com pedidos relevantes da SkyWest, Luxair, American Airlines, entre outras. O mais recente negócio fechado, com a Porter Airlines, prevê a entrega de mais 25 jatos da família E195-E2 em um montante que soma US$2,1 bilhões.
Na Aviação Comercial, o risco está na concentração da venda de aeronaves para determinados clientes-chave. Ao final de 2022, 88,9% dos pedidos de jatos EMBRAER 170/190 eram da Republic Airlines e Horizon Air / Alaska, ao passo que 83,1% dos pedidos da linha E-Jets E2 estavam concentrados apenas nas empresas Azul, AerCap, AirCastle, AirPeace, Porter e Azorra. É evidente, portanto, que a perda de relacionamento com um cliente importante para a Empresa pode afetar brutalmente seus resultados.
Na Aviação Executiva, responsável pelos jatos executivos, as vendas ficam mais concentradas a pedidos individuais, sendo sensíveis às oscilações de renda desses clientes.
Já na unidade de Defesa e Segurança, o governo brasileiro é o maior cliente, representando cerca de 42,5% da receita desta unidade de negócios em 2022. Dessa forma, quaisquer decisões tomadas pelo governo, como a redução do valor do contrato de aeronave KC-390 Millennium em 2021, afetam o backlog de pedidos da Empresa.
Além das linhas principais de atuação, a fabricante de aviões vem buscando potenciais parcerias estratégicas para o desenvolvimento de produtos e inserção em novos mercados. Um exemplo deste movimento está no lançamento da EVE, o primeiro spin-off da Embraer X, que é considerada a divisão de inovação da Companhia. A Firma inaugurada tem como foco se dedicar aos projetos relacionados com a área de mobilidade aérea urbana. Nomeada EVE, a empresa traz a ideia de “carro voador” à vida, e mostra a busca por inovação da Companhia.
Ainda nesse sentido de mobilidade urbana, a Empresa já realiza estudos em várias cidades do mundo como Miami, Londres e São Paulo. Somente para esta divisão, há um backlog de pedidos de 2.770 eVTOLs. O risco, porém, se encontra, principalmente, em concorrentes no mercado internacional e na regulamentação do setor, que ainda não possui regras definidas.
No curto prazo, alguns fatores afetam a Companhia. Na Aviação Comercial, há falta de pilotos nos Estados Unidos, principal destino das vendas, o que pode afetar a demanda por novos projetos da série E175-E2. Na Aviação Executiva, é esperada demanda recorde de pedidos em 2023. Já na Defesa e Segurança, é esperado um aumento nos gastos globais com defesa em função das tensões internacionais vivenciadas, colocando a Embraer em boa posição no mercado.
Por fim, entendemos que a Companhia poderá apresentar evolução no longo prazo com maior número de vendas e novas linhas de negócio. Assim, recomendamos a compra em EMBR3, com foco no longo prazo.
Visão sobre os resultados da Embraer: Positiva
A Embraer fechou o terceiro trimestre do ano de 2023 com a entrega de 15 jatos comerciais e 28 jatos executivos (10 e 23, respectivamente, no 3T22). No acumulado do ano, a carteira de entregas somou 105 aeronaves, crescimento de 33%.
A receita operacional líquida no 3T23 foi de R$6,30 bilhões, uma alta de 29,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. O segmento de Aviação Comercial registrou a maior receita (R$2,09 bilhões, +56,9% a/a), seguido de Serviços e Suporte (R$1,79 bilhão, +15,3% a/a), Aviação Executiva (R$1,67 bilhão, +17,6% a/a) e Defesa e Segurança (R$650,9 milhões, +30,3% a/a).
O lucro bruto da Companhia, por sua vez, atingiu R$1,14 bilhão (+22,9% a/a), com margem bruta de 18,2% (-0,9 p.p. a/a). Entre as unidades de negócio, houve avanços de margem na Aviação Comercial e Executiva, que foram compensados negativamente pelas quedas em Defesa e Segurança, dado o método contábil apurado, e Serviços e Suporte, pelo mix de trabalhos realizados.
No que se refere às despesas operacionais, houve controle de gastos no trimestre, com as despesas comerciais e com pesquisas recuando, ao passo que houve aumento nas despesas administrativas. As outras despesas, que haviam sido detratoras de resultado no 3T22, também recuaram significativamente. Com isso, a Companhia atingiu EBIT ajustado de R$496,6 milhões (+91,1% a/a). A margem EBIT fechou o trimestre em 7,9% (+2,6 p.p. a/a).
O resultado líquido ajustado, por sua vez, fechou o trimestre em R$167,1 milhões (+34,4% a/a), o que proporcionou uma margem líquida ajustada de 2,7% (+0,1 p.p. a/a).
No terceiro trimestre de 2023, a Empresa concluiu a renegociação das suas dívidas, ampliando o prazo médio de vencimentos para 4,8 anos, com custo de 6,33% a.a. em dólares e 10,85% a.a. em reais. Com a alongamento dos passivos, a Embraer não possui dívidas relevantes com vencimentos anteriores a 2027, fazendo com que o caixa, que soma cerca de R$8,77 bilhões, seja suficiente para os passivos de curto prazo. Ao final do período, a dívida líquida da Companhia alcançou R$5,57 bilhões (-2,9% a/a) e a relação dívida líquida ex-EVE pelo EBITDA ajustado dos últimos 12 meses atingiu 2,5x.
Observamos evoluções significativas nos resultados da Embraer no 3T23. Houve avanços de margens e a readequação dos pedidos foi fundamental para permitir mais conforto financeiro para a Companhia. Somado a isso, a carteira de pedidos encontra-se robusta, o que pode beneficiá-la nos trimestres seguintes. Deste modo, enxergamos os resultados da Empresa como positivos.
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