Visão sobre a Ambev: Compra
A Ambev figura entre uma das maiores fabricantes de cerveja do mundo, desenvolvendo, produzindo e comercializando diversos tipos de bebidas alcoólicas e não alcoólicas. Para isso, a Companhia conta com operações em 18 países da América, que se dividem em quatro segmentos: Brasil, América Central e Caribe (CAC), América Latina Sul (LAS) e Canadá.
A capacidade instalada da Empresa é de cerca de 240 milhões de hectolitros por ano entre bebidas alcoólicas e não alcoólicas, mais do que suficiente para a produção realizada, que totalizou aproximadamente 180 milhões de hectolitros em 2023.
No Brasil, a distribuição dos produtos é realizada através de terceirizados, envolvendo 146 operações, e sistema logístico próprio, que conta com mais de 106 centros de distribuição. Os vendedores da rede própria e os terceirizados são responsáveis, por sua vez, por realizar a venda para os bares, mercearias, restaurantes, entre outros. Para clientes de maior porte, como supermercados, a venda pode ser realizada diretamente da fábrica. Nos demais países, o sistema de distribuição é semelhante, com alterações sendo realizadas para adequação a determinadas geografias. Deste modo, a Ambev possui alta escalabilidade do seu negócio, operando com ampla capilaridade em diversas regiões.
O mercado endereçável da Ambev é amplo e recorrente. No Brasil, 3° maior consumidor de cervejas do mundo, a Ambev estima ser líder, com alta penetração das marcas Skol, Brahma e Antarctica. A linha de produtos alcoólicos também se estende através da linha Beats e Mike’s e, entre os produtos não alcoólicos, a marca mais representativa é a Guaraná Antarctica.
Historicamente, a Ambev tem se provado eficiente na consolidação do mercado e na alocação de capital, tendo adquirido diversas marcas que competiam com seus produtos em microrregiões. A exemplo, podemos citar a aquisição da Wals e da Colorado em 2015. Assim, a Companhia vem conseguindo se adaptar bem às mudanças no hábito de consumo por parte da população, que são verificadas através da migração do consumo em bares e restaurantes para os supermercados e para as marcas artesanais (craft beer).
Buscando se manter competitiva, a Ambev busca também a inovação. A plataforma de entrega direta ao cliente, Zé Delivery, cresce sucessivamente em número de entregas, buscando gerar maior conveniência e melhorar o relacionamento com os consumidores. O BEES, por sua vez, compõem o marketplace B2B da Companhia, criando um contato constante com o cliente, proporcionando soluções e ampliando a estratégia digital da Ambev.
O mercado da Empresa possui amplo número de competidores com grande elasticidade cruzada e baixa fidelidade, o que gera uma corrida por preços e busca por determinado nível de diferenciação. Entre os principais concorrentes destaca-se a Heineken, que detém marcas brasileiras em seu portfólio e acordos de distribuição com a Coca-Cola.
Dada a característica do processo de produção, a Ambev é sensível aos preços das commodities no mercado global e, apesar de deter ampla escala e potencial de barganha, ainda pode ser afetada adversamente caso haja grandes oscilações de preços.
Em função do estágio de maturidade da Companhia, a Ambev possui perfil de baixo crescimento e recorrência na remuneração dos acionistas, que reflete a estabilidade do negócio e a saúde financeira. Isso fica evidente na estabilidade dos preços do papel nos últimos anos, que reforça o estágio avançado de maturidade da Empresa.
Tendo em vista o cenário analisado e os fatores supracitados, seguimos como recomendação de compra para as ações ABEV3 para o longo prazo.
Visão sobre os resultados da Ambev: Neutra
No quarto trimestre de 2023, a Ambev reportou uma receita líquida de R$20,0 bilhões (-11,9% a/a e +29,5% orgânico, isto é, excluídas as variações cambiais), com volume de 52,1 mil hectolitros comercializados (-0,1% a/a). No Brasil, a receita líquida somou R$13,6 bilhões (+6% a/a) e 35,9 mil hectolitros (+0,8% a/a), fazendo com que a receita por hectolitro crescesse 5,2% a/a. A elevação se deu em função do desempenho das receitas vendas de cervejas (+6,1% a/a), com avanço das marcas premium e super premium, e NAB (+5,7% a/a). Na América Central e Caribe (CAC), a receita líquida cresceu 3% a/a (+12,6% a/a orgânico), enquanto recuou na América Latina (LAS) em 68,8% a/a (+110,2% a/a orgânico) e no Canadá em 10,5 a/a (-3,6% a/a orgânico). Ao todo, em 2023, a Ambev faturou R$79,7 bilhões (0,0% a/a e +24,1% orgânico), com volume de 183,7 mil hectolitros.
O lucro bruto da Ambev chegou a R$10,7 bilhões no 4T23 (-8,7% a/a e +36,4% orgânico), com margem bruta de 53,5% (+1,9 p.p. a/a e +2,8 p.p. a/a orgânico). Os ganhos de margem foram possíveis em decorrência da maior disparidade entre o crescimento da receita e o CPV da operação, causada pela redução dos preços das commodities e alívio no câmbio.
As despesas SG&A somaram ao todo R$5,73 bilhões (-15,2% a/a e +22% a/a orgânico) e excluindo a depreciação e amortização alcançaram R$4,98 bilhões (-17,3% a/a e +20,3% a/a orgânico). Os efeitos que proporcionaram o resultado foram as menores despesas de distribuição e comerciais no Brasil.
Dados os efeitos supracitados, o EBITDA ajustado atingiu R$7,15 bilhões (+0,6% a/a e +49% a/a orgânico). A margem EBITDA ajustada, por sua vez, chegou a 35,8% a/a (+4,5 p.p. a/a e +4,7 p.p. a/a orgânico). No ano, o EBITDA ajustado somou R$25,4 bilhões (+7,1% a/a e +42,6% a/a orgânico), com margem de 31,9% (+2,1 p.p. a/a e +4,3 p.p. a/a orgânico).
O resultado financeiro foi detrator em R$700,5 milhões (-35,1% a/a), com menores perdas causadas por instrumentos derivativos (-R$103,8 milhões vs -R$531,8 milhões) utilizados para proteção (hedge) contra a forte volatilidade das moedas. As despesas de juros totalizaram R$524,4 milhões (-22,8% a/a), enquanto as receitas de aplicações financeiras alcançaram R$798,8 milhões (+49,95% a/a). Como consequência das deduções, no quarto trimestre de 2023, o lucro líquido ajustado atribuído à Ambev foi de R$4,67 bilhões (-11,9% a/a), fazendo com que os ganhos de eficiência fossem anulados com a queda das receitas. No ano, o lucro líquido ajustado atingiu R$15,2 bilhões (+0,4% a/a).
No trimestre analisado, a dívida bruta da Companhia encerrou o período em R$3,5 bilhões (-7,1% a/a), com uma disponibilidade de caixa e equivalente de caixa de R$16,1 bilhões (+8,1% a/a). Isso faz com que a posição de caixa líquido da Empresa seja confortável para o andamento das operações.
Em resumo, enxergamos os resultados apresentados pela Ambev como neutros para o trimestre, dado que os números ainda se apresentam resilientes no Brasil, mas com dificuldades em outras geografias. De modo geral, a queda de volumes e da receita líquida deve ser analisada com cautela, ainda que a Empresa tenha conseguido fazer um bom gerenciamento das despesas para equilibrar parcialmente os resultados.
Quisque et lacinia ex. Donec gravida quam id ipsum tincidunt, eu auctor orci feugiat. Nullam elit felis, lobortis eget aliquam ut, accumsan sit amet sem. Nam ac varius arcu. Maecenas aliquet nunc interdum consectetur rutrum. In vel rutrum nulla. Etiam vehicula porttitor quam, ut porta nisl efficitur sit amet. Pellentesque blandit tortor sit amet metus mattis, vel convallis nibh venenatis.